Fico profundamente triste quando usamos a Bíblia para fundamentar pecados motivados pelos nossos pré-conceitos.
Já ouvi e li, muita coisa sendo dita e escrita a favor e contra os homossexuais.
Quando nos preocupamos demasiadamente sobre qualquer coisa, isso começa a demonstrar um comportamento neurótico. Ou estamos tentando esconder algo, ou nosso inconsciente está justamente nos forçando a colocar aquilo que está mal elaborado em nós, para fora.
“Aquilo que me incomoda demasiadamente em outra pessoa, é meu”. Esta é uma afirmação clássica na psicanálise.
Cuidado! Quem se ocupa demasiadamente em perseguir, reprimir, a quem quer que seja, está perseguindo e reprimindo a si próprio. Tem algo lá dentro de si que está mal resolvido em relação a aquilo que tanto o incomoda.
Posso afirmar que em alguma medida, todos nós temos um Gay com quem nos relacionamos, e ele está dentro de nós. Ou nós o assumimos, ou nós o rejeitamos, ou nós convivemos numa boa, sem que ele nos transtorne. O ser Gay é algo que está dentro de nós e não algo que possamos simplesmente dizimar da face da terra.
Muita gente na história da humanidade elegeu minorias para serem dizimadas: Os judeus, os índios, os negros, as mulheres e agora os gays.
Há muito pouco tempo na Igreja anglicana, se fazia uma discussão semelhante sobre a possibilidade das mulheres serem ou não sacerdotes e bispas na Igreja . Muita gente defendeu teses a favor e contra esta possibilidade e ambos se utilizaram da Bíblia para sustentar suas posições. Enfim, depois de muitos anos de discussões, as mulheres na Igreja Anglicana, alcançaram a possibilidade de serem sacerdotes e bispas. Hoje, algumas décadas passadas, rimos as gargalhadas daqueles tempos e daquela discussão, que nada mais evidenciava do que um momento histórico, em que os homens estavam perdendo para as mulheres, sua hegemonia no poder (na Igreja e fora dela) . Era o preconceito e o pecado buscando legitimidade Bíblica.
Quem fica catando aqui e ali versos bíblicos para justificar suas posições pré-conceituosas, está com dificuldade de entender aquilo que Jesus tanto insistiu em todo o seu ministério: Amar ao próximo, como a si mesmo. Nisso, disse Jesus, resume-se toda a Lei.
Para mim é esta a questão central: Não estamos preparados para amar os gays, pois eles ameaçam a nossa masculinidade, ou a nossa feminilidade. E se o ser macho ou fêmea está sendo ameaçado, é porque estas categorias nunca foram assim tão cristalinamente definidas. Quando alguém se assume gay, isso perturba a sociedade e seus membros individualmente. Por que a perturbação? Se estamos firmes nas categorias masculinas e femininas que culturalmente definimos, não há com que se preocupar!
Trabalhar com o gay que existe dentro de cada um de nós, é um esforço muito mais positivo do que querer reprimi-lo fora de nós. Isso não resolverá a nossa neurose sexual.
Quando eu puder abrir mão de todo o meu pré-conceito e abraçar a um gay, ou a qualquer cidadão excluído da sociedade, como a um ser humano, então eu terei descoberto o verdadeiro amor do qual Jesus tanto nos falou. E não nos esqueçamos que todo o homossexual possui um pai e uma mãe.
E se ele (a) fosse seu filho(a), será que sua postura em relação a ele (a) seria a mesma???
Pensemos nisso.
Rev. Elias Mayer Vergara, ost
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
ResponderExcluirEfésios 2:3